RETRATO DAS VERTENTES 1090
Redação
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abril 30, 2022
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RETRATO DAS VERTENTES 1090
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Por José Antônio Ávila
Historiador
“SEU EMÍDIO DO BENGO”
Emidgyo Apollinário dos Passos Moraes, mais conhecido como “Emídio do Bengo”, assim apelidado porque plantou sua residência na Colônia do Bengo, era um prático no exercício da medicina, ou seja, exercia a profissão liberal sem ser diplomado; foi célebre benzedor, raizeiro, rezador, e a fama dele atraiu muita gente em busca de cura para doenças e alívio para outros tipos de problemas. Era homem de muita fé, conhecia bem como usar as ervas, as raízes e também os fármacos; atuava em favor da saúde dos corpos e amenizava a aflição das almas de quem o procurava, exercendo o seu mister num tempo em que era patente a falta de profissionais habilitados em medicina pelos sertões interioranos… Emidgyo, cuja foto aqui apresentada foi reproduzida do acervo do sr. Silvério Parada, nasceu em São João del-Rei no dia 24 de julho de 1876. Era filho de Severiano José Tibúrcio e Maria das Dores de Jesus. Casou-se em 27 de abril de 1901 com Maria Luíza Calsavara (imigrante italiana, da região de Trento). Tiveram três filhos: Antônio Trindade, João Anastácio e Ana Bárbara.
Foi o construtor da Capela de Santo Antônio do Bengo, entre os anos 1900/1910. Apreciava boa música, tendo, inclusive, criado e mantido uma pequena banda. Atendia aos pacientes em consultas fitoterápicas e homeopáticas. Era amigo do Padre Gustavo Ernesto Coelho. Manteve farmácia e laboratório de manipulação montados na Rua Paulo Freitas, estabelecimentos gerenciados pelo farmacêutico (diplomado) Cândido Dutra. Faleceu na capital mineira no dia 23 de fevereiro de 1958 e teve o corpo trasladado para São João del-Rei para sepultamento no Cemitério de Nossa Senhora das Mercês. Pessoas como o “Emídio do Bengo” eram comuns de se encontrar pelo interior do país e eram tidas como benzedores, curandeiros ou “charlatães”, derivação do termo “charlatanismo” (do italiano “ciarlare”, que quer dizer “conversar”). Os embates entre os tipos de medicina então praticados num Brasil então eminentemente rural começaram a ser mais evidenciados a partir do final do século XIX e início do XX, época em que que o discurso médico científico procurou impor-se e começou a ocupar os espaços de atuação dos médicos diplomados em detrimento dos não diplomados, numa tentativa da medicina acadêmica erradicar as demais “artes de curar” até então existentes. Vale lembrar que como colônia de Portugal, o Brasil passou mais de 300 anos sem autorização para oferecer cursos superiores e que a então Escola de Cirurgia da Bahia foi a primeira escola de medicina no Brasil, criada por D. João VI. Em suma, o charlatanismo e o curandeirismo que hoje é entendido como o ato de inculcar ou anunciar cura por meios médicos não oficiais, era, na maioria das vezes, a única esperança de salvação para a população, especialmente as pessoas das camadas mais humildes, aquelas que viviam nos “sertões do Brasil” ou nos “grotões de Minas”, as quais não tinham como ter acesso imediato à medicina acadêmica/científica.
Gazeta de São João del-Rei
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