O novo coronavírus (Covid-19) vem alarmando São João del-Rei e região nas últimas semanas. Até sexta-feira, 27, a Secretaria de Saúde de São João del-Rei tinha 77 notificações de casos suspeitos na cidade, sendo dois confirmados, nove deles descartados e outros 66 casos aguardando resultados. Na última terça-feira, 23, a cidade teve o primeiro caso de coronavírus confirmado. O caso trata de uma paciente do sexo feminino que retornou de viagem dos Estados Unidos e encontra-se em isolamento domiciliar.

Os poucos estudos sobre o vírus, as inúmeras notícias, a preocupação a respeito da estrutura hospitalar da cidade e as fake news causaram pânico aos cidadãos que buscam se proteger como podem. Além da paralisação de algumas atividades na cidade, tendo em vista o Decreto Municipal nº 8.601, assinado pelo prefeito Nivaldo Andrade, no último dia 20, sexta-feira, a medida preventiva que mais se popularizou entre os cidadãos foi a utilização do álcool gel, para a higienização das mãos.

Luiz Cláudio do Nascimento, que trabalha no ramo farmacêutico há mais de 30 anos, conta que a venda do produto triplicou. “A venda de álcool em gel era muito esporádica. Se eu tinha 12 vidros no estoque durava praticamente um mês. Hoje, já estou com encomenda de uns 45 a 60 vidros.”, afirma.

Essa grande demanda do produto levou ao esgotamento dos estoques nas farmácias e supermercados, além do aumento do preço. Em alguns casos, valor do vidro de álcool quadruplicou, causando a indignação do consumidor. Cláudio explicou que esse acréscimo dos preços está sendo imposto pela indústria. “Infelizmente, um álcool que você comprava por R$ 9,90 está chegando para nós por R$22,00. Antes de termos o produto no comércio, também pagamos o preço dos distribuidores.”, explica.

De acordo com o farmacêutico, a procura pelas máscaras também cresceu, mas está consideravelmente menor que do álcool. “Pessoas que têm familiares morando no Rio de Janeiro, por exemplo, buscam para mandar, porque lá não estão encontrando”. Mesmo com a busca menor, o preço subiu cerca de 300%. “A máscara que antes a caixinha com 50 custava R$30,00 agora está custando cerca de  R$108,00.” compara.

Luccas Garcês, gestor financeiro de uma fábrica produtora do álcool em Belo Horizonte, explicou que esse valor chegou ao consumidor comum devido à dinâmica da cadeia produtiva. “A alta demanda pelo produto em um curto espaço de tempo, não deixou que os fornecedores se preparassem para entregar as matérias primas e nem termos em estoque. Junte a isso a desvalorização do real perante ao dólar, moeda de compra dessa matéria prima, que  fez com que o preço do produto aumentasse.”, esclarece.

O infectologista Dr. Américo Calzavara Neto explica que mesmo que o álcool esteja em falta não é necessário alarde por parte da população. “No caso da higienização das mãos, a limpeza com água e sabão/sabonete tem eficácia garantida. O álcool serve para substituir a lavação em situações que não temos essa possibilidade.” O médico também indica outra alternativa na falta do álcool. “A clorexidina alcoólica a 4% é também um antisséptico indicado para higienização das mãos com potência virucida semelhante ao álcool. Porém, ela demora para fazer o efeito desejado de eliminar vírus e bactérias.”

O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO DEVO ME PROTEGER?

O vírus responsável pelo Covid-19 é apontado como uma variação da família coronavírus. De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros foram identificados em meados da década de 1960. As variações mais antigas do vírus, como SARS-CoV e MERS-CoV, são conhecidas pelos cientistas e chegaram aos humanos por contato com animais.

Os primeiros casos do Covid-19 foram registrados na cidade de Wuhan, na China em dezembro de 2019. A doença foi nomeada oficialmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 11 de fevereiro de 2020. Ainda não está claro como ocorreu a mutação que permitiu o surgimento do novo vírus, mas acredita-se que uma grande variedade de animais pode ter servido como “hospedeiro” do vírus, como morcego, por exemplo.

Dr. Américo explica que o Covid-19 é um vírus mutante, que encontrou uma população suscetível, por nunca ter se encontrado com este micro-organismo. “Por ser um vírus de transmissão fácil entre as pessoas, sua disseminação é rápida”. O infectologista explica ainda, que estudos atuais apontam que o novo coronavírus produz uma resposta inflamatória nos hospedeiros (humanos) e que esta situação acaba por danificar órgãos nobres como pulmão, coração e rins. “Nos pulmões ele causa uma pneumonia chamada intersticial, quando há um bloqueio da passagem de oxigênio dos pulmões para o sangue, causando uma síndrome respiratória aguda grave.” ressalta.

A OMS aponta que algumas faixas da população são mais suscetíveis ao novo vírus. Esses grupos são formados por idosos, diabéticos, hipertensos, quem tem insuficiência renal crônica, quem tem doença respiratória crônica e quem tem doença cardiovascular. As recomendações, não só para essas pessoas, mas para a proteção de todos, é a higienização das mãos com água e sabãosabonete por cerca de 25 segundos, higienização com álcool gel 70%, limpeza de superfícies que são muito tocadas como os celulares e evitar de tocar o rosto sem que as mãos estejam limpas. Apresentando sintomas de gripe,  repousar em casa, em ambientes arejados e caso necessite se deslocar apresentando tais sintomas, a recomendação é de utilização de máscaras cirúrgicas.