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Por Jota Dangelo
BATERIAS DE ESCOLAS DE SAMBA
A estruturação de uma Escola de Samba para o desfile oficial implica vencer uma enorme série de dificuldades. E nem sempre é só a falta de recursos financeiros, embora seja evidente que os gastos para colocar uma Escola na Avenida Tancredo Neves estão bem acima do que pensam os leigos no assunto. Mas há outros problemas além do dinheiro. Um deles, sem dúvida, é a estrutura de uma bateria. No desejo de colocar uma bateria que impressione pelo volume da batucada, os diretores daquela ala específica da Escola de Samba costumam fazer pouco caso da variedade de instrumentos pensando apenas na quantidade de componentes. É fácil fazer um pequeno cálculo no que diz respeito à quantidade de ritmistas que uma bateria equilibrada deve ter.
No Rio de Janeiro, uma Escola de Samba com 3.500 a 4.000 componentes tem uma bateria de cerca de 350 ritmistas. Ou seja, a bateria corresponde a quase 9% do material humano da agremiação que desfila. Em São João, uma Escola de Samba com 400 componentes (e isto já é uma exceção), na mesma proporção (9%), deveria ter uma bateria de 36 elementos! Ainda que dobrássemos, teríamos 72 componentes na bateria! A realidade está bem longe disto. Escolas de Samba em São João armam suas baterias com perto de 100 ritmistas…Mais interessados no volume do som do que na qualidade harmônica dele, chefes de bateria querem é mais ritmistas. Daí surge outro problema: como é muito mais fácil encontrar quem toque surdo do que tamborim, ou caixa, ou tarol ou repique, e mais difícil ainda descobrir tocadores de chocalho e agogôs (nem falo em frigideira, que está voltando às baterias do Rio e desapareceram nas de São João), as baterias daqui da cidade, na sua grande maioria, abundam em surdos, mas são altamente deficientes em instrumentos metálicos. Na estrutura, com maioria impensável de surdos, e, eventualmente, com surdos de corte, o som perde a qualidade harmônica, o equilíbrio sonoro, para prevalecer, com maior volume, a marcação dos surdos.
Hoje em dia, as baterias das Escolas de Samba do Rio de Janeiro primam por convenções sonoras que implicam em variações na harmonia da bateria: são paradas globais ou parceladas dos instrumentos. Em algumas Escolas, a bateria até silencia totalmente por segundos, permanecendo apenas o canto dos intérpretes e das alas. Em São João, na década de 60 e 70 do século passado, as convenções das baterias já eram realizadas. Por incrível que pareça, houve um tempo em que, nos desfiles, as Escolas paravam de cantar o samba enredo para que as baterias fizessem um verdadeiro show na avenida. Esta prática desapareceu, corretamente. Se a bateria quer fazer “paradinhas” e variações sonoras, deve fazê-las no decorrer do samba enredo. De qualquer modo, as convenções da bateria, em São João, vieram muito antes das praticadas, hoje em dia, pelas baterias das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
Gazeta de São João del-Rei
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