A LINGUAGEM DOS SINOS EM SÃO JOÃO DEL-REI
Redação
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abril 30, 2022
CUIDADO COM O MISERÊ!
14/09/2019
A LINGUAGEM DOS SINOS EM SÃO JOÃO DEL-REI
Por Jota Dangelo
O século XVIII em Minas foi palco da mais intensa força de criação do período colonial nos mais diversos campos artísticos. Essa sociedade, erguida em função da riqueza da mineração, soube viver como um todo um período de glórias e de fausto, cuja produção artística e cultural, pelas suas particularidades, destacou-se dentro do panorama do Brasil colonial.
Dentro da retórica da fé contrarreformista, que catequizou e civilizou o território das Minas, todas as cerimônias religiosas tinham todo um acompanhamento, indispensável ao decoro e à teatralidade do espírito barroco, no qual a música sacra teve certamente um papel protagonista.
O segundo acompanhamento indispensável a estes rituais, e à própria vida civil, eram os toques dos sinos que, hoje quase esquecidos, em outras eras eram verdadeiras gazetas sonoras, conhecidos por suas vozes e nomes e entendidos em suas mensagens por toda a população das antigas cidades. Hoje em dia, apenas em alguns núcleos de origem colonial, os sinos resistem aos tempos, ocupando ainda um lugar de destaque no contexto social, como é o caso de São João del-Rei.
Foi a partir desse reconhecimento, que o Departamento de Patrimônio Imaterial do IPHAN fez o Dossiê de Registro do Toque de Sinos de Minas Gerais em 2009, que reconheceu essa tradição como Patrimônio Imaterial do Brasil e confirmou que a linguagem de sinos conservada em São João del-Rei é o último remanescente, no Brasil, de forma bastante completa, de inúmeros outros códigos sonoros que um dia existiram em todas as nossas cidades coloniais.
Logicamente, a existência viva desse código religioso, em São João del–Rei, esta ancorada num todo que é a preservação de todo o sistema tradicional de vivência da fé católica, herança de 300 anos de cultura em São João del-Rei. Deste sistema, fazem parte: a Paróquia do Pilar, as Ordens Terceiras, Confrarias e Irmandades, com a manutenção de suas respectivas Festas Religiosas, e mais as Orquestras Sacras e as Bandas, que junto com os sinos dão forma ao complexo cerimonial Católico Barroco- Tridentino, que ainda resiste na cidade de São João del-Rei, estruturado com festas litúrgicas majestosas que, além dos sinos, são anunciadas e ornadas pela explosão e desenhos pictóricos do foguetório, tradição são-joanense à qual estamos todos, os são-joanenses, acostumados há século.
O Museu do Sino, na Igreja do Carmo, único no Brasil, que registra a tradição sonora doas nossas sentinelas de bronze, merece mais atenção dos órgãos públicos, folhetos e folders a serem distribuídos pelos hotéis e pousadas das cidades vizinhas para convidar nossos visitantes a visitarem nosso Museu dos Sinos.
Gazeta de São João del-Rei
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