RETRATO DAS VERTENTES 1081
Redação on abril 30, 2022
RETRATO DAS VERTENTES 1080
11/10/2019
RETRATO DAS VERTENTES 1081
Por José Cláudio Henriques
Historiador, escritor e ex-presidente da Academia de Letras e IHG SJDR
Com a chegada da tropa do bandeirante Tomé Portes del Rei em Matosinhos ou, mais especificamente, no local onde posteriormente denominou-se “Porto Real da Passagem”, por volta de 1700, foi se desenvolvendo um povoado que sobrevivia em decorrência dos excelentes recursos locais, tais como água do Rio das Mortes e terras cultiváveis utilizadas pelo próprio Portes del Rei, amigos e familiares, os quais comercializavam criações, gêneros alimentícios e ouro de aluvião, em troca de sal, azeite, velas, roupas etc.
Durante todo século IXX o bairro se caracterizou por grandes propriedades que utilizavam da lavoura para se abastecerem e comercializarem, bem como para área de laser, já que o bairro era cercado por um caudaloso rio e pelo Córrego da Água Limpa. Outrora eram disputados torneios de barcos e muito prestigiados. A Festa do Divino e do Senhor de Matosinhos constituíam num movimentado jubileu, com romarias vindas de todos os lugares, oportunidade em que a partir de 1913 utilizavam o Pavilhão de Exposições de Produtos Regionais para bailes e jogos.
No princípio do século XX, Matosinhos deixou de ser exclusivamente local de lazer campestre e de grandes plantios, para iniciar-se como bairro com características próprias dada a chegada dos imigrantes italianos, nativos do bairro que se casaram e fazendeiros da região que queriam aproximar-se mais da cidade. A partir daí iniciou-se as partições das grandes chácaras em pequenas chácaras.
Matosinhos, nome oriundo da denominação da Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, construída por devotos portugueses, cuja imagem foi encontrada na praia da cidade de Matosinhos, norte de Portugal. Sua construção teve iniciou em 1771 e término em 1774. Antes da construção da igreja, o local era conhecido como Vargem do Porto Real da Passagem ou Vargem da Água Limpa. O primeiro, por ser passagem de pessoas e viaturas controladas pelo reino e o segundo, por ser banhado pelo citado córrego. Há de se registrar que antes de 1730 atravessava-se o Rio das Mortes de barcaça e após 1730 construi-se uma ponte de madeira com lanternas e toda coberta de telhas, já que esta ponte servia para controle de impostos e de pedágio para atravessá-la, com preços variando para pedestres, carros de bois e cavalos com cargas ou sem cargas. Verdade, pagava-se pedágio para atravessar a ponte à pé.
Emanuel Pohl, Burton e Rugendas se referem ao bairro de Matosinhos, dizendo o primeiro que:
“No agradável Arraial de Matosinhos… os habitantes abastados de São João del Rei tem muitas e belas casas de campo com jardins, e Burton acrescentando ser o Arraial de Matosinhos, um lindo subúrbio. Já Rugendas que pintou o Arraial de Matosinhos em 1824 (a imagem mais antiga que se conhece de Matosinhos), profetiza dizendo que sua bela situação e a vizinhança do Rio das Mortes, já navegável por algumas canoas, permitem prever para essa aldeia um futuro mais próspero que o das cidades vizinhas.