PAPO ETÍLICO
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abril 30, 2022
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PAPO ETÍLICO
Por Jota Dangelo
Tem alguma coisa estranha neste próximo carnaval de São João del-Rei. Como dizia Hamlet, do grande Shakespeare: “Há alguma coisa de podre no Reino da Dinamarca”. No meu entender a prefeitura terceirizou o carnaval de rua. Estabeleceu a verba, a Câmara aprovou, a grana foi repassada para a AESBRA e fim de papo. O poder público caiu fora. A Secretaria de Cultura não tem nada a ver com o desfile oficial. Manda a AESBRA. Contrata som, contrata a construção de arquibancadas, não sei se tem uma iluminação especial na Avenida Tancredo Neves e na Rua Municipal. Se tiver é a AESBRA que contrata. Não sei quem convida os jurados: será também a AESBRA? Ou a Secretaria de Cultura? Correm boatos de que a AESBRA aumentou a verba das Escolas de Samba e dos Blocos do desfile oficial, já que três Escolas não vão desfilar: duas, Bate-Paus e São Geraldo, por dívidas contraídas, como afirmam, e uma, o Metralhas, por solidariedade, como explicam seus dirigentes. Nos arredores do Centro Histórico corre a boataria, as discussões nos botecos se inflamam: a AESBRA pode fazer o que quiser com a verba destinada pela Prefeitura? A verba não é discriminada segundo um planejamento dos custos? Escolas de Samba podem desfilar quando querem, ou melhor, se quiserem? Há alguma norma escrita em relação à decisão das Escolas que não vão desfilar? No ano que vem podem receber a mesma verba das Escolas que desfilam este ano? Há algum regulamento sobre isto? É correta a decisão do Metralhas, já que não confessou dívidas e foi-lhe destinado recursos públicos para desfilar? Ninguém tem as respostas para estas questões. Quer dizer, nos botecos e nas rodas de papo-furado ninguém tem as respostas que respondam corretamente aquelas perguntas. O que existe mesmo são opiniões controversas, cada um exibindo colocações que jura serem verdadeiras e que apenas aumentam e esquentam as divergências e animam o papo entre uma cerveja e outros líquidos alcoólicos.
A única coisa objetiva, clara, inconteste, independente de opiniões complexas e mirabolantes, é que, sem três das Escolas de Samba de São João del-Rei no desfile oficial, o carnaval são-joanense perde muito da sua tradição, as expectativas dos espectadores do espetáculo, ávidos pela presença e pelo brilho de suas favoritas no desfile, incluindo as que vão desfilar, as expectativas, repito, não são as mesmas dos desfiles em que todas as Escolas se apresentam com sua criatividade, seu entusiasmo, seus aparatos, sua beleza estética, seu conjunto, sua evolução, sua bateria, seu intérprete, seu samba. E isto não diz respeito somente às Escolas que vão estar ausentes neste ano. Fosse qual fosse, uma Escola ausente será sempre um fato lamentável.
E há mais: na mídia etílica, aquela que corre solta nos botecos, há os que dizem que Escolas de Samba de Resende Costa vão desfilar no desfile Oficial de São João del-Rei. Já passamos por coisa semelhante: houve desfiles em que uma Escola de Samba recém-criada em Santa Cruz de Minas desfilou no nosso carnaval. E, bem anterior a isto, a criação do Metralhas se deu imitando um Bloco Caricato de Belo Horizonte que veio desfilar aqui, no desfile oficial, na carroceria de um caminhão, o que espantou o público daquela época. O Metralhas foi criado como um Bloco Caricato. O único que existiu em del-Rei. Mas, claro, nunca desfilou em carroceria de caminhão. Depois virou Bloco e depois Escola de Samba. As Escolas de Samba que não vão desfilar devem ter suas razões para ter esta atitude. Mas ninguém pode impedir que a gente lamente, e com razão, a ausência delas no desfile oficial de 2020. Uma pena.
Gazeta de São João del-Rei
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