Por Jota Dangelo

ÊTA, BRASIL!

Em Salvador, na Bahia, num gesto de solidariedade, de compaixão e de ajuda ao próximo, por iniciativa de Alfredo Dorea, gerente da Instituição Beneficiente Conceição Macedo (IBCM), instalou-se na porta da entidade, à Rua Santa Clara do Desterro, no bairro de Nazareno, uma geladeira, denominada pomposamente de “Geladeira Solidária”. O equipamento estava ali para receber doações, disponibilizando alimentos de graça para moradores de rua.

A geladeira foi inaugurada na segunda-feira, por volta das 19 horas, e quase imediatamente houve muitas doações. Na terça-feira, por volta das seis horas da manhã, quando o gerente da Instituição chegou à sede da entidade, cadê a geladeira? Foi-se! E não foi a primeira vez. Em 2015, a IBCM tinha implementado a mesma ação, mas teve que cancelar, depois que foi roubado o motor da geladeira. Desta segunda vez foi a geladeira inteira que desapareceu…Viva a Republiqueta de Bananas!

No Rio de Janeiro, uma mulher decidiu dar uma ajuda a um morador de rua. O tal tirava uma soneca debaixo de uma marquise numa transversal de N. S. de Copacabana. Comprou uma esfirra e deixou do lado do adormecido. Um outro desocupado, que estava a uns poucos metros, agiu rápido: foi lá e comeu a esfirra… Êta, Brasil!

HACKERS

Nesta semana foi a vez dos hackers. Os assaltantes digitais fizeram a festa da imprensa. Não foi só um dia ou dois: foram todos os dias da semana, hackers pra cá, hackers pra lá. E, ao que parece, o assalto à intimidade de autoridades e parlamentares não se deu com sofisticados equipamentos, na escuridão de covis ocultos, por especialistas altamente capacitados para a invasão das comunicações alheias. Nada disso. Foi mesmo uma turminha do baixo clero, da humilde Araraquara, um deles já com registro de delinquente na Polícia. Mas a imprensa gosta destes episódios: deleita-se em remoer os acontecimentos precursores e posteriores ao ataque à privacidade das vítimas. Mas, até agora, nada do que foi publicado do teor das mensagens capturadas ilegalmente denuncia irregularidades, conspirações, ou artifícios que pudessem levar a uma condenação injusta, particularmente do seu Lula que, nunca é demais lembrar, foi condenado em Curitiba (1ª instância), no Tribunal de Justiça da 4ª Região (2ª instância, onde a pena foi até aumentada) e no Superior Tribunal da Justiça -STJ (3ª instância, que diminuiu um pouco a pena).

A imprensa vai remoendo os acontecimentos, os ocorridos, até que surja um outro fato explosivo, ou que Bolsonaro fale alguma coisa espantosa, ou surja uma nova delação estapafúrdia que nos deixe perplexos, ou mais uma corrupção seja denunciada, coisas que, atualmente, não demoram muito para acontecer.

Há algum tempo, está difícil ler jornais e revistas, assistir noticiários de televisão: a desesperança anda solta, o otimismo, tíbio, a confiança, frágil, o bom humor, fugaz. No entanto, com tudo isto, ainda é bonito de se ver o sol que dissipa a neblina do inverno e enche de luz o casario do Centro Histórico desta bendita cidade. Êta, São João del-Rei!