Por José Antônio Ávila

Historiador

PRAÇA DR. SALATIEL –

o antigo “Largo da Cachaça”

Na página 4 da edição nº 1078 deste jornal, em 14 de setembro de 2019, eu escrevi que a origem do Largo da Cruz (Praça dr. Paulo Teixeira) se deveu principalmente ao Movimento Higienista da primeira metade do século XX que provocou intervenções para aformoseamento do traçado urbano são-joanense com a finalidade de melhorar as condições de salubridade então existentes; naquele tempo a crença generalizada era a de que a população aglomerada em cortiços saturados de imundícies geravam epidemias e outras mazelas. Foi também assim, diante daquela “cruzada” da política sanitarista de purificação da cidade através da abertura de ruas, demolição de velhas edificações, criação de praças e jardins, que no ano de 1920 surgiu o “Largo da Cachaça”; tal denominação popular aconteceu em razão de o local, antes um quarteirão composto por cerca de 13 imóveis que foram demolidos, ficar bem próximo da afamada Rua da Cachaça — depois Rua da Alegria, Rua Tiradentes, Rua João Jacob Sewaybricker, e, atualmente, a partir do ano de 1939, Rua Marechal Bitencourt — onde havia cabarés e a ficava a área boêmia da cidade, dita “zona do baixo meretrício”. Depois, através da lei nº 436 de 12 de fevereiro de 1925, o largo recebeu a sua primeira denominação oficial dada em memória do médico e político dr. Salatiel de Andrade Braga; com o Decreto nº 22 de 06 de setembro de 1943, aproveitando-se o ensejo da inauguração do monumento de José Maria Paranhos Júnior, no Rio de Janeiro, o nome foi trocado para Praça Barão do Rio Branco, mas ficou aguardando a instalação d’uma nova placa para substituição do nome; como a troca da placa não ocorreu e o povo não reconheceu a (nova) denominação, a praça permanece até hoje com o nome anterior, Dr. Salatiel.

Referência: “História da Praça Dr. Salatiel, o Largo da Cachaça em São João del-Rei”. Amanda B. Teixeira, Schirley F. N. da S. Cavalcante Alves e Patrícia D. de Oliveira Paiva, volume 7, 26 páginas il., Universidade Federal de Lavras, 2017.