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abril 30, 2022
PELAS ESQUINAS: TÓPICOS
03/08/2019
DEVAGAR COM AMOR
31/08/2019
POR JOTA DANGELO
NO BOTECO
Eram dois. Eu não os conhecia. Na mesa mais ao fundo do botequim/garagem do Antônio José, os dois pediam uma pinga, qualquer uma, e a dividiam em dois copinhos pequenos. Só que pediam a pinga a ser dividida, generosamente servida, pouco mais de meio copo, de dez em dez minutos. Fora a cerveja que acompanhava o gole brusco com que a aguardente era sorvida num repente. Era quarta-feira, ali pelas 18:30, ninguém praticamente no boteco quando cheguei, a não ser os dois, meia idade, a barba por fazer, um deles usando um óculos escuro, o outro com um boné de aba com o logotipo do Flamengo. Dei um alô meio tímido e me acomodei na mesa ao lado, quieto, fingindo manusear um celular, mas ouvindo muito bem o que os dois diziam. Espanto.
– Ô Bené, eu num to entendendo isto direito, não. Como é que foi mesmo?
– Eu já te falei, pô! É uma coisa complicada. Tem uns cara aí, estes caras que mexem com ciência e meio ambiente, disseram que a turma que come muito prejudica o meio ambiente.
– Cê ta brincano, Bené. E aí, como é que o Presidente entrou nisso?
– Pois é. Num encontro com jornalistas, um deles perguntou ao Presidente quê que ele achava deste negócio.
– E daí…
– O Presidente nem titubeou. Disse que se era assim, era só o povo fazer cocô dia sim, dia não que o meio ambiente melhorava…
– Num brinca! Este Presidente tem solução pra tudo, Geré! Este é o cara, sô! Agora, tem uma coisa. Se é assim, quer dizer que quem ta com diarréia é contra o meio ambiente?
Pedi uma pinga dupla.
PROTESTOS?
Não sei o que ocorreu, pois escrevo na terça-feira. Os professores e professoras (ninguém falou quantos) da UFMG reuniram-se no dia 7 de agosto e decidiram paralisação no dia 13, justamente no dia em que escrevi este meu canto de página. A Assembleia Geral Extraordinária foi convocada pela APUBH. Na pauta, a paralisação em defesa da Educação no dia 13, contra a Reforma da Previdência (que já está no Senado) e contra o Projeto Future-se, preconizado pelo Ministério da Educação e que está em debate público. O Projeto Future-se é uma tentativa de conseguir a participação de empresas privadas em projetos de ensino e pesquisa das Universidades públicas ou privadas, se estas últimas quiserem aderir. Esta é uma prática que existe no mundo todo.
Estava presente o professor Roberto Camargos Malcher Kanitz, da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) que tomou a palavra e reprovou a falta de clareza do texto do Projeto Future-se. E mais: disse que o projeto possui um viés mercantil que retira a responsabilidade do Estado e transfere para organizações privadas. Ora, é lógico que empresas privadas vão se dispor a empregar recursos em pesquisas e ensino que lhes sejam úteis, mas isto não retira a responsabilidade das Universidades com a qualidade e a importância das pesquisas e do ensino. Pelo contrário: estas serão pesquisas fundamentais para o desenvolvimento do país. Na Assembleia não faltaram também ataques contra o projeto, argumentando que a Universidade perderia sua autonomia. Perder, como? Qualquer parceria entre Universidade e empresa privada terá que ser assinada com o aval da entidade pública. Caberá a ela estabelecer as condições em que a parceria será feita. Ainda vamos ler muito, e ouvir muito, sobre o assunto.
Gazeta de São João del-Rei
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